era com um sacudir matinal que eu acordava,
olhava ao redor e tudo parecia
exatamente como tudo era antes de eu ir pra casa.
era com nojo e um grande não,
que a cama, a quem tanto amava, me expulsava de si
como tantas outras farão.
era com medo que encavara aquele rosto
que nunca me acostumara a ver refletido no espelho
e sempre me demonstrava imenso desgosto.
havia sempre alguém à porta, chamando sem parar
enquanto eu tentava esfriar pensamentos
e esquecer do dia que teria que enfrentar
havia sempre um céu cinza,
representando uma constante ameaça,
e logo eu esperava as cusparadas de desprezo divinas
havia sempre as pessoas se esforçando,
forçando sorrisos, forçando a vida,
forçando caminho entre os que caminham.
e o dia seguia sempre assim,
amedrontado, desgostoso, enojado,
ia esquentando com o tempo e nos enganava.
a vida ia assim, arrastando-se pelos cantos,
sujando-se enquanto seguia um caminho que era tão certo
quanto qualquer outro caminho a se seguir.
volto ao canto que me acolhe
recolho-me onde sempre estive
e espero enquanto o dia escorre.
e, como todos os dias que existem costumam fazer,
sempre sem respeitar nossas vontades,
esse, em que vivi, resolveu que ia morrer.
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1 comment:
Nao deixe que morra.
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