Thursday, November 23, 2006

O mar

talvez
a razão esteja na sua frente
e você tenha fechado os olhos
porque é dolorosa demais a resposta
da pergunta.

talvez a resposta estivesse nos olhos dela
que você se recusou de encarar
no que você achou serem lágrimas
que, sem curiosidade, deixaste passar, fluir,
e agora queres sugá-las de volta.
impedir o fluxo.

lágrimas são rios
fluindo para o mar.
sempre o mar.

Quinta-feira

é uma quinta qualquer
véspera de uma sexta qualquer
e hoje eu te vi
e me recusei a te olhar
com medo de sei lá...me reapaixonar
embora eu não saiba ao certo
se é possível se reapaixonar por quem se ama.

é uma quinta qualquer
de número qualquer
véspera de outro número qualquer
que nomearão de setxa-feira.
e hoje eu falei contigo
mas não falei tudo o que há para dizer.
não disse nada do que sinto.

é uma quinta qualquer
que veio depois de uma quarta suja
numa semana esquecida
entre todas as outras 51
essa é mais uma para fazer 52.
e não sei quantos dias do ano eu te vi.
e mesmo que fossem todos,
seria pouco, pouquíssimo.

II

nada mais vai sair desse
desse...vazio.
não sei de onde vêm as palavras
da boca, da cabeçaou do coração.
mas elas são cada vez mais fracas
e a angústia sem porque só aumenta
e sexta feira eu caio na estrada
tentando ser alguém
mesmo sabendo que sem você eu não serei.

Monday, November 20, 2006

Vida I

"e a cadela pariu
três crianças"

Talvez haja um texto que diga tudo o que quero dizer.

PUTAQUEPARIU!







vadiadocaralhovaisefuderemeama









talvez seja esse

Sunday, November 19, 2006

Minha garota...

e não me importa quem seu pai é
quem é sua mãe.
não me importa saber a sua árvore genealógica.
o fruto que deu é podre demais para ser comido.
depois que te comi,
vomitei.

P.O.P.

sob pontes, rodovias, ciclovias,
um pedestre via o que todos os outros ignoravam
porque não era problema deles.
e pensando assim,
aquela nave espacial levando embora o seu amor
só existia para ele e ninguém mais.
problema de outra pessoa.
não deles,
nunca deles.

Todo teu

através de processos meióticos e mitóticos
cá estou.
46 cromossomos, inteirinho ao seu dispor.

Friday, November 17, 2006

Deixa?

deixa eu brincar de ser feliz?
ou vai me prender para sempre?
deixa eu brincar de ser feliz?
ou vai fazer cu doce pra sempre?

Você

e você é fria demais
até para uma pedra de gelo.

e na verdade,
eu acho é que você foi mal comida.

Coração enjaulado

agora são 3 da manhã
e você está comendo sozinha.

Tetra Tri

palavras não fazem almas.
por mais belas que elas sejam,
nenhuma se constrói com tão pouco.

crianças não se fazem sozinhas.
a inocência não nasce mais,
só morre a cada poer.

o laranjal não cheira mais tão bem
desde que as últimas laranjas foram vendidas
para que fizessem suco de caixa.

e as parreiras...
ah, o que dizer das parreiras?
estão na áfrica do sul.

Rainhas da Idade da Pedra

feche os olhos e veja o céu caindo.

Vai

Solta a porra dos pulmões, vadia, e grita que me ama.
grita
grita
grita
grita
grita
grita
grita
grita
grita
grita
GRITA!!!
porra...

Ecce Hominidae Sifiliticus

noite.
lençóis sujos de merda,
de porra, de mijo,
mas ainda assim estão mais limpos
que sua boca
que ousei beijar.

eis o homem sifilítico,
moldado em carne e osso,
para o deleite de todos.

Thursday, November 16, 2006

Ao leitor invisível...

palavras inescritas.

espero compreensão, caro amigo.
Não prometo nada,
portugûeis bem iscrito
ou palavra bem falada.
logo, não há o que se cumprir pur aqui.
Disfaço-me du mundo, liqüefaço-me
inquanto tu fica com a bunda quadrada
na frente duma tela brilhante que nada acrescenta.
E talvez tu diga um: "puta merda quanta letra"
ou um: "esse cara escreve ruim pra cacete! meu deus!"
talvez tu entenda o que essas palavra signifique
e talvez, somente talvez,
você goste do que tem aqui.

mas não estou pressionando,
não quero que você goste de mim.
só preciso que você me ame.

Wednesday, November 15, 2006

I

você grita,
esperneia, chora
para que o mundo te ouça,
mas se finge de surdo.

Loteria

palavras aleatórias
como os números que giram na sua cabeça.
então, neném, você vê tudo aquilo que evitava,
mas agora deve ser visto
e você reclama da vida, da morte, de mim e do mundo
culpando-nos todos por você.
criança, você chora de raiva.
para mim, é um prazer ver-te assim.
sorrio um riso fino, comprimo o canto dos lábios.
solto um suspiro de paz
e durmo.

Tuesday, November 14, 2006

14 de Novembro, flores, tesouras, fotos e cola

os retratos espalhados no chão
e o tubo de cola sobre a mesa:
o cenário perfeito para uma noite de novembro
fria e morta.
no mês dos mortos,
as gotas que caem têm gosto de sangue
e nas paredes ecoa aquela velha canção
que dizia: "só mais uma
canção de amor, mais uma canção de amor"
mais uma canção de amor
e eu morrerei de tanto amor.

Espelho

mas os olhos,
são eles que se fazem de cegos.
minha razão, meu amor,
não quer enxergar as lágrimas que teimam em cair,
borrando tua maquiagem
e deixando-te mais bela.

Os Sonhos

E os sonhos, criança.
Os sonhos são maldições.
Porque não passam disso que são.
Sonhos.