Tuesday, October 25, 2011

Lufada de Tempo

o tempo veio e arrancou das prateleiras
todas as lembranças
e as misturou
como só o tempo consegue fazer.

e agora não sei direito
onde se meteram aqueles dias
que hoje procuro sem cessar.

o tempo veio como uma lufada de vento
e por um instante senti em meu rosto
a brisa suave do esquecimento
e tudo jamais voltou.

Friday, October 14, 2011

Aniversário delas.

ocasionalmente me pergunto como
seria tudo se nós chegássemos ao fim.
como seriam os nossos primeiros sonhos
e quão difícil seriam os dias para mim.

eu certamente não saberia como agir
quando chegasse a data do teu novo ano
e a lembrança desse dia batesse bem aqui,
no peito que já conhece todo o dano

que um pensamento triste pode me causar.

não existe solução para esse velho dia
que não poderei ter o prazer de esquecer.

por isso que jamais quero te perder.

Monday, October 10, 2011

Livro.

estou lendo um livro pela primeira vez
o nome dele não importa agora ou nunca,
mas acredito ser um livro que vocês
talvez gostassem de sentir a textura
das páginas grossas do volume fino
e o relevo da tinta negra escura forte
que faz com que se sinta outra vez menino
que sem ler livros aprendeu sobre a morte
e ainda assim conseguiu seguir, crescer e mudar.

estou lendo um livro pela primeira vez
e acho que seria muito bom para vocês.

Tuesday, October 04, 2011

21:37

eu sei que não sou eu.

Agora.

sei de tudo o que vai acontecer
agora antes mesmo de viver
sei o que esperar, o que posso fazer
o que vou ouvir e o que devo dizer.

eu posso não prever o futuro,
mas sei muito bem ver o passado.

Monday, October 03, 2011

Vez com vez.

talvez quando o sol nascer outra vez
os ventos mudem, as cores troquem
entre si suas magias e belezas
e algo bem diferente aconteça
ao invés daquilo que sempre acontece.

talvez quando o sol nascer outra vez
ele queime o céu como nunca o fez
tão intenso e tão quente, que até talvez
ilumine o que há pela última vez.

Sunday, October 02, 2011

O melhor.

a cada noite ela escutava
sentada na beira da cama,
na mesma estação que tocava,
as velhas músicas que tanto ama.

ela sempre com os olhos cheios
de águas que se punham a escorrer
ouvia seu passado sem medos
de um dia ela chegar a esquecer.

sem notar, pega um lenço velho,
daqueles que achou que teve um fim
e enxuga as águas de seu olhar cego
a olhar o tempo, tão perdida em si.

visões perdidas do passado,
o melhor é não ter que se lembrar
de um tempo tão glorificado
o melhor é toda noite chorar.