Cafeteira.

enquanto eu me preparava
para ficar meio lúcido
e ir dormir,
algo aconteceu.

o cheiro que subiu...
o cheiro que subiu...

putaquepariu
(com o perdão da rima)

e fedia
e fedia
a cozinha toda
ou metade dela.

e fedia.

não sabíamos o que era

e o café estava pronto.

e a cafeteira podre.

pequenos vermes brincavam no fundo da cafeteira elétrica,
na parte onde se joga a água.

vermes branco
pequenas minhocas
nadavam na água do meu café
que já não era delicioso,
que agora está numa tubulação do esgoto.

vermezinhos brancos
nadando numa coisa amarelada
e não sabemos o que era.

não sabemos o que era.

e eu lavei a cafeteira,
quase quebrei a maldita,
e lavei,
e usei água,
detergente, faca...
água fervente...

mas eu faço meu café agora
no velho e bom estilo
água fervendo no filtro com café
e eu vejo
aquilo preto
e cheiroso
descendo, descendo...

e eu queria que ela estivesse aqui para rir disso comigo.
eu queria que mais alguém estivesse aqui comigo
para segurar a minha mão
e dizer que nenhum pedaço de verme vai entupir meu cérebro.