Friday, April 11, 2008

Para minha T.

você sorri.
mostra teus dentes brancos como neve
brancos como papel
enfim, brancos.

e eles estão ficando amarelos
e velhos
como numa fotografia,
por causa do cigarro,
do café,
dos vícios, meu bem.

é o tempo agindo,
fazendo marcas,
que não vão melhorar
nunca.

seu sorriso branco
se foi
seus lábios que se abriam
para mostrar-me como sorria
tremem, se mordem,
sangram
e eu não sei o que fazer,
o que esperar.

eu sento,
seguro a tua mão.
no escuro.
tudo parece claro,
é que não quero enxergar
não quero aceitar.

sei lá,
não tem bem o que ser aceito.

não quero ir,
não quero que se vá.

segura a sua mão,
vai embora sem olhar para trás.
sem terminar aquela palavra,
sem terminar aquele beijo.

e eu não lembro do teu cheiro,
não lembro da tua voz.

sinto uma imensa vontade de chorar,
de gritar,
de agir violentamente com todos
porque a culpa é do mundo
e de ninguém
e, especialmente,
a culpa é tua, toda tua,
mas eu não quero te deixar ir,
não enquanto penso nisso.

então eu fecho os olhos de novo
penso que tudo é um sonho ruim
um sonho ruim

é, eu vou acordar agora e você vai estar bem
e me falar
"calma, calma,
já passou, foi só um pesadelo"
e passar a mão sobre minha testa
cheirar meus cabelos
dizer que está ali,
que podemos sair pra onde quisermos.

mas é tudo mentira.
e eu não posso mais te ter comigo,
não posso mais sentir o teu calor
nem teus beijos.

e nunca mais vou te ouvir chamar meu nome.

e...
toda noite eu penso em como seria com você aqui,
como seria diferente.

mas nunca saberei.
nunca saberemos.

e eu te amo.

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