a madrugada cheira a ratos,
baratas,
esgosto.
a vida lá fora se resume a isso
e aqui dentro estou eu
sofrendo com pensamentos
pensando nos sofrimentos
deixando a vida de lado.
a madrugada cheira a lixo,
carniça,
morte.
e de alguma maneira eu sinto que tudo não precisa se encaixar
e que a felicidade realmente não passa de momentos
que devem ser aproveitados ao máximo.
a madrugada é repleta de sonhos alheios
e a todos eu leio
esperando que algum dia eu tenha meu próprio.
as pálpebras cerradas
escondem o mundo de mim
em uma tentativa falha
de embelezar a existência.
mas ela já é bela por existir
e não precisa de outro sentido além de si.
a madrugada cheira a enxofre e amônia,
alimentos recém vomitados na sarjeta.
e, de alguma forma que não sei como,
tudo isso me lembra a mulher que nunca vi,
com quem não saí,
com quem não dormi,
e com quem não terei uma vida.
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