eu queria só escrever.
e ter um quarto cheio de livros
e uma mesa onde escrever poesias no papel
e textos no papel
e milhares de papéis espalhados por todo o quarto
e queria belas frases e imagens coladas nas paredes
música, poesia, fotos, quadrinhos, talvez até mesmo pinturas.
eu queria uma máquina de escrever
só para me sentir como um escritor americano dos anos 40 ou 60
e talvez eu fumasse e bebesse para me sentir boêmio
e freqüentasse os bordéis
onde as putas me chamariam por apelidos carinhosos
e eu sorriria, e me sentiria poderoso
mesmo sem um puto no bolso,
mesmo não sendo bonito ou talentoso.
e eu queria tudo isso para poder me inspirar, você sabe.
quero me sentir alguém
dentro de um quarto
e pensar em tudo o que eu vivi,
e que me agradasse o pensamento.
mas eu não tenho o quarto,
não tenho as paredes,
não tenho os livros,
não tenho os textos,
não tenho a máquina,
não tenho o amor.
sabe o que tenho?
o céu sobre minha cabeça,
o chão sob meus pés
e toda uma estrada para caminhar.
mas estou aqui parado
olhando para o quase vazio
de dentro do copo que bebo.
é bem como carlos disse:
essa lua, esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
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