Thursday, June 19, 2014

Ressaca da maré.

de vez em quando,
quase sempre que dá,
embora quase nunca dê,
me aventuro no mundo das teorias
das ideias e das palavras,
das linguagens sobre linguagens
dos nós teóricos que a língua pode dar.

de vez em quando,
mas às vezes só raramente,
compreendo um pouco do que está escrito,
mas acho que se falarem,
vou me embananar todo e esquecer que língua
e Língua são outras ideias,
mas eu nunca esqueço quando leio
a maiúscula a definir.

de vez em quando
o nó se dá em minha mente
e sinto vontade de deixar tudo de lado,
abandonar todas as vontades de escrever,
me lançar no oco do mundo,
sumir.

mas aí me vem o desespero
só na ideia de que eu perderia as palavras,
ou pior, que elas continuariam vindo, sempre vindo,
como um rio para o mar, o mar quebrando numa praia,
sem fim, sem fim,
e a maré subindo me faria sentir a ressaca braba
a ressaca de um mundo sem escrita.

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