Tuesday, September 08, 2009

As borboletas quando voam parecem tubarões.

sonhei essa noite
que eu te ligava
e, depois de meses,
você me atendia
sem apelidos carinhosos,
sem frescuras.

"oi"
você me disse
e eu quase desabei.

eu estava um pouco bêbado e não sabia o que fazer.
eu respondi com um oi,
explicando quem era e
dizendo que fazia tempo que a gente não se falava
e que talvez fosse tempo demais.

você ficou calada.

"eu sinto a tua falta" eu disse
do fundo do coração
e expliquei que não era a falta que faz a amante na noite fria
e solitária, onde tudo o que se quer
é o corpo quente do lado.
falei que sentia falta dela como pessoa, como amiga,
que achava um pouco estranho toda distância que existia entre nós
não mais física, apenas.

e ela me perguntou como eu estava e outras coisas
e eu disse como estava e disse as outras coisas,
ela ficou em silêncio quando eu disse que descumpri minha promessa,
já eu sorri, sozinho.

eu quis perguntar tantas coisas,
coisas demais,
algumas sem respostas e outras sem vontade de tê-las
como você deixou claro.

depois de um silêncio demorado demais
pensei que fosse a hora de dizer adeus
e eu pensei em implorar,
sou bom em implorar, você sabe mais que ninguém,
mas preferi não me humilhar mais.

disse boa noite e te desejei o melhor, sempre.

o melhor, meu bem, pra ti.

e você me disse tchau e me chamou pelo nome que você me deu
o nome que nos caracterizava.

eu desliguei e houve uma revoada de borboletas
um transbordamento de represas,
que significavam o fim.

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