Friday, December 05, 2008

Por você (ou as coisas de sempre que todo homem diz que faz)

e por você eu corro riscos
e pulo de janelas de vidro de verdade
e corro pela rua sem me preocupar com carros
eu nado no mar de boa viagem.

por você eu fico na chuva
até o sol apagar
e meus tênis fazerem flop flop
e quase serem inutilizados
só para ficar pedindo para tocarem uma música
que me faz tanto pensar em você.

por você eu furo sinal
enquanto estiver dirigindo
e faço zigue zagues e sambadas com o carro na pista molhada
só para fazer alguém rir
e pensar que é realmente perigoso andar comigo.

por você eu a olho nos olhos
e não sinto mais aquilo que pensei que nunca fosse deixar de sentir.

por você eu sou tudo aquilo que eu sempre fui:
eu mesmo
e não sinto medo de machucar ninguém.

por você,
meu bem,
eu faço as coisas mais clichês do mundo,
cartas de amor, declarações inesperadas.

por você eu escrevo versos
dizendo o que eu faria por você
e não teria nunca um fim para ele
porque por você eu iria até o inferno
desafiar o diabo,
entraria no céu furando
com uma faca o buxo dele inteiro
e lá em cima chamava o Homem
para sair do trono pra você sentar.

ora, por você eu invento as coisas que invento
e por você eu perco noites de sono.
por você eu ganho dias de sonhos.
por você eu nem sei o que faço.

por você eu espero até março,
até os pequeninos, até depois,
se depois o depois vier.

por você eu largo o que acredito,
adoto algum novo ídolo,
que só existe porque você existe.

ah, as coisas que faria por você não cabem aqui
ou em qualquer lugar.

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