eu sempre tive medo do futuro
e quando penso que o futuro está na minha frente -
nas pessoas que leio nessa madrugada,
nas pessoas que vejo quando saio nas ruas
quando vou a bares, livrarias, aulas -
eu sinto mais,
muito mais medo de ter que viver.
é que calado e só eu não vou agüentar.
eu preciso do sangue deles
molhando minha pele.
eu preciso da vida deles
bem distante da minha.
e eu tenho a imensa vontade de não ter vontades
para assim não me importar
de criar uma criança
no mundo que não percebe onde estão as verdades.
não sabem de tudo o que se precisa.
que preferem o barulho ao som,
o lixo à poesia,
que dispensam os clássicos.
e eu não posso odiá-los
visto que não merecem isso de mim.
mas a indiferença - que seria o melhor a se dar -
não consegue se firmar
quando tudo o que penso é
que eles pensam ser mais do que nós,
que eles existam mais do que nós.
e eu queria resistir com vocês ao meu lado.
criar uma união para derrubá-los
e fazê-los perceber
que não há nada de bom entre eles.
então me vejo cercado.
estou só.
ergui-me só.
e caio só.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment