e, devagar, ela vem
engatinha
olhando nos olhos, pode-se ver todo o desejo.
ela pára,
senta sobre os calcanhares e olha ao redor
procura outros caminhos,
outras chances,
parece querer fugir mesmo com aquela pose de moça decidida.
então ela volta a se concentrar no alvo.
ajoelha-se,
parece orar aos deuses imaginários,
ao deus do blues
ao deus de todos os pecados.
então a luz cai sobre ela
e vê-se que não há deuses.
somente ela.
então ela levanta,
lentamente,
e seus olhos parecem tristes.
tristes como se tivessem visto toda a tristeza do mundo
e agora estivessem ali,
prontos para contar a história.
são olhos de velha, olhos de milênios...
ela não desvia o olhar
e sente-se tudo o que ela quer passar
sabe-se que o mundo inteiro é uma imensa tristeza,
a mais linda alegria,
é a maior contradição que há.
então ela chora e sai da vista de todos.
depois disso paga-se pelo maior show da terra.
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