Friday, March 28, 2008

O mar.

íris das cores que quer ter,
cabelos idem.
a pele que sofre sob o sol,
ou longe dele,
mostra-se lindamente sardenta no colo.

seu seio aponta pra onde deveria apontar nesses tempos.
ao infinito e além, meu bem.

quando você balança seus quadris assim,
nessa dança tão bonita
me faz pensar em como tudo o que há ao redor sumiu.

quando você olha para mim
como se quisesse me devorar,
como se eu fosse o único homem que você deseja
- mesmo sabendo que antes
você havia se amassado
nos fundos da casa
com aquele cara que me dá nojo -
faz-me sentir bem.

e você me chama
porque sabe que eu vou
e fui.

então vi.
vi que não havia mais nada ali
vi que o que você era
todas as outras eram
e que não valia a pena tudo aquilo por ti.

não valia a pena,
mas nem sempre fazemos as coisas certas.


acordo com dor de cabeça.
o braço esquerdo dormente
debaixo do seu corpo quente.
eu o puxo e você cai.
levanto, visto a calça, te olho no chão.
seu corpo nu é belo de se ver ao acordar.

você continua no chão quando eu saio.

sua cabeça sangra um pouco -
acho que bateu numa quina ou algo assim,
ao cair -
não checo seu corpo a procura de sinais de vida.
saio.

o sol de quatro da tarde me abraça.
era tudo o que eu queria,
tudo o que precisava.
caminho em direção ao mar.
porque o mar há de me lavar
há de me levar.

os sapatos, a calça, a camisa, as roupas de baixo
jogadas na areia parecem formar um desenho
parecem dizer alguma coisa,
mas não dizem nada porque não são capazes de fazer isso sozinhas.

e o mar me ama,
o mar me deseja.
sou do mar
e o mar é meu.

tenho tudo:
a água morna,
o sol morno,
a vida morna.

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