a partir de ontem decidi não mais me comunicar através de palavras,
visto que elas são passiveis a inúmeras interpretações.
porque são fracas e às vezes nos faltam,
porque por outras vezes nos escapam
antes mesmo de pensarmos se são apropriadas,
ontem mesmo parei de utilizá-las.
viverei agora de um silêncio honesto,
o silêncio do homem que trabalha,
que faz o seu ao longo do dia
e volta ao lar para suas refeições,
para seus pratos sujos empilhados na pia,
para os copos d'água na madrugada quente,
enchendo seu estômago com o líquido porque a geladeira está vazia.
fiz essa escolha não porque não admire o uso das palavras,
mas pura e somente pela minha incapacidade de utilizá-las
da maneira correta, como o divino nosso senhor nos ensinou.
a palavra é santa
e eu sou só homem.
desde ontem, quando o sol já tinha se posto
e minha cabeça cheia de problemas
parecia que deixaria de funcionar,
decidi que as palavras não mais me cabiam.
(admito que pensei que um dia seria um dos homens que sabe trabalhar com elas,
como um ourives de sentenças precisas e preciosas,
como um ferreiro forjando as armas mais preciosas da vida dos homens,
mas não sou competente.)
e então, abandonei as palavras.
hoje o silêncio predominou em mim
e talvez tenha sido melhor. certamente não foi fácil.
por mais que tenha evitado as palavras,
ainda levará um tempo até que elas aprendam
ou entendam que elas já não são para mim
e eu já não sou para elas.
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