eu chego em casa
depois de uma manhã
cheia de pensamentos
e uma tarde
em que tentei encaixar o pouco que tenho em minha mente
com o pouquíssimo que, de fato, sei
e tudo o que queria agora
era uma boa cagada,
um bom banho,
terminar meu bom livro,
que carrego comigo há quatro dias.
mas haviam três baratas no banheiro
e eu tive que matar duas delas,
porque a terceira já era
somente uma carapaça queratinizada.
agora o corpo de uma delas flutua na água do vaso
porque a pressão d'água não foi capaz de levar
todas elas embora em um só fluxo
e a caixa de descarga daqui demora muito.
por isso escrevo esse poema,
porque atrasei um dos meus desejos,
porque agora escuto ao som gutural
do chamado à batalha
e não sei se consigo
dar aquela cagada agora,
e um banho antes de uma cagada é um banho desperdiçado.
e quanto ao livro,
ele está aqui,
mas minha inércia me impede de buscá-lo,
nesse exato momento.
o vento do ventilador é quente
como qualquer outra coisa ao redor seria
mesmo se, talvez, fosse tudo feito de gelo.
esse é o maior poema que escrevo
desde que eu me lembro,
mas isso não quer dizer que ele seja o melhor.
longe disso.
talvez esse seja um dos piores.
mas eu nem ligo.
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