nos corredores a encontrei
quando estava perdida
a procura de algum lugar
que eu não lembro
e não vem ao caso
no momento.
o que importa agora
é dizer o quão linda ela estava
usando um vestido longo,
de um tecido fino
e que lhe caia muito bem.
o que senti ainda me é difícil de descrever.
foi o impulso de construir,
a vontade de ser capaz
de um dia realizar algo tão lindo
quanto ela.
foi em uma quarta feira
do mês chuvoso de maio
que fui até sua casa,
em silêncio,
e entrei, esperando que estivesse tudo bem
para ela.
ela assistia a tv
de vez em quando,
mas me disse que estava desinformada.
isso foi na terça pela manhã
e eu sorri para ela
e ela para mim.
ela estava quente na quarta,
usando um short e uma camiseta verde
com uma estampa de macaco
e flores amarelas,
uma roupa de ficar em casa assistindo a programas ruins que passam
a toda hora.
foi com surpresa que ela reagiu
ao me ver a sua porta
com uma mão forçando a entrada
e fechando-a assim que passei meu corpo por ela.
ela ameaçou gritar,
mas era tarde
e meus braços já a seguravam contra mim,
seu corpo quente de quarta feira,
minha mão segurando um trapo que coloquei em sua boca molhada
e de imediato senti seu calor amolecer.
naquela quarta tive o calor dela todo para mim.
depois de mim, ninguém mais o sentiu.
depois de mim, ninguém mais a teve quente em uma quarta feira.
não.
depois de mim,
sua vida deixou de ser.
e como foi uma quarta bonita,
com o sol alto durante todo o dia,
dia raro numa semana de chuvas.
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