Thursday, December 24, 2009

Três e a vida.

saí de casa cedo e encontrei seu sorriso me iluminando o dia
antes mesmo de o sol fazê-lo,
e suas mãos apertando minha pele,
os braços ao meu redor,
seu calor vindo em minha direção.

mas logo tive que ir embora e não soube mais o que esperar.

no almoço eu ouço o teu riso
e até brinco contigo.
tiro um descanso breve e vou embora
sem te ver, para um fim de tarde de trabalho árduo.

quando volto ao lar,
por volta das nove,
não te encontro em teu sono tranquilo,
nem te vejo na sala assistindo à televisão.

imagino onde é que tu estarias
e procuro em todo canto,
todo lugar e nada.

alguma hora resolvo abrir o porta malas
pra tirar uma lanterna e te procurar pelo bairro, por perto.

e te encontro:
um braço, uma perna, meio tronco, cabeça.

as lágrimas jorram do meu rosto
e acho que elas nunca terão fim,
escorrem pela alma como se eu fosse secar
acabam comigo
como se eu fosse um homem,
como se eu pudesse morrer.

então eu percebo que
se é assim que as coisas são
e continuarão desse jeito,
nada mais faz sentido.

nem vida, nem morte,
nem dia e nem noite,
nem prosa e nem verso.

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