me falaram que a escrita serve
para reclamar e bem dizer o que quer.
se é essa a sua função,
acredito que a reclamação
da minha parte já acabou.
é possível que seja o fim?
é provável que não haja mais poesia aqui?
já há tempos que não há,
mas ainda insisto sem entender bem o porquê.
me falaram que a escrita é reclamar,
e que se não há do que fazê-lo, não há o que escrever.
e agora, o que é que faço? reclamo da escrita? viro poeta das palavras
sem o sentimento e lirismo que eu tanto gosto
e tanto admiro?
é como me disseram:
você não é mais poesia.
acabou-se.
mas eu sou cabuloso, mas eu insisto,
mas eu não deixo morrer
quem me sustentou por tanto tempo,
mesmo que para isso eu deva acabar com ela,
destrui-la inteira,
esbagaçá-la toda, deixando-a pior
que buceta de prostituta em fim de noite de trabalho.
meus versos não cantam mais,
não dizem mais nada que linhas inteiras da mais correta prosa não possa dizer em sua mais completa perfeição,
mas não.
não hei de me render ao que sou.
continuarei a tentar fingir tudo aquilo que eu talvez não seja,
porém não saiba bem ao certo.
é tempo de repensar em tudo isso...
é tempo de semear, não de colher.
é tempo de esperar o fruto crescer
e criar sua carne para que possamos mordê-la e comê-la e saboreá-la.
é tempo de qualquer outra fruta, menos as da poesia
por aqui.
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