Tuesday, January 23, 2007

Acabar

estamos os dois sentados à mesa, encarando o vazio dos olhos um do outro
esperando uma palavra para quebrar o gelo.
mas o silêncio reforça todas as barreiras.
e eu sinto uma imensa vontade de levantar e te deixar ali sozinha
mas tenho medo que quando eu o faça alguém venha tomar meu lugar
e creio que é por isso que você também não vai embora.
temos medo de perder um ao outro.
não ligamso para quem quer que passe do nosso lado, quem fala,
tenh certeza que essa tarde apertei meia dúzia de mãos sem rostos
e você sorriu para alguns olhos vazios.
sentimos a fome, a sede, o sono, não sei se o saciamos,
se toquei na batata frita que eu pedi e não sei se chegou porque me distrai com os seus movimentos
ou se você matou sua sede com o suco que você pediu naquela lanchonete de coisas naturais
que você sempre pede quando saímos
para nunca se emporcalhar com as indústrias
e eu lembro a primeira vez que saimos e você disse que era contra todas essas coisas
nunca ri tanto quanto naquele dia.
você ridiculariza cada pedaço de mim, e não vive sem,
eu te acho a pior coisa que poderia acontecer a um homem, mas eu te amo.
e depois de algum tempo juntos resolvemos acabar com tudo de uma vez
porque nunca funcionou.
nãoé mesmo?
mas não conseguimos parar de olhar-nos
e temos medo
de acabar com tudo
porque o nosso tudo é muito grande
para acabar assim, sem um fim bonito e digno de filme.

1 comment:

Gabriela Ivo said...

gostei do poema, pedro.. explica bem essas coisas de casal, e tal :S
hehe

e gostei principalmente dessa frase: mas o silêncio reforça todas as barreiras.