Saturday, November 14, 2020

Catorze

 trancado no banheiro depois de anos produzindo

é como se passa os catorze de maneira propícia.


não há poesia que morra

e nem poesia que não se crie:

ela segue acontecendo dentro e fora, fora e dentro,

mas já não é mais tão impulsiva,

se esconde quando vem visita,

prefere a privacidade 

das coisas que encontra no banheiro.


catorze, como se fosse três

funcionando como se nem existisse,

mas com tempo o suficiente

para saber que é um ser tão real

quanto qualquer amor possa ser.


trancado no banheiro

por algum tempo, quem sabe,

como adolescente que é,

como criatura confusa e em constante mudança.


quem sabe o que virá?

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