Tuesday, April 29, 2014

Beijo da rosa.

eu só queria
cantar no ouvido
kiss from a rose
a dizer com a alma
que ela é my power,
my pleasure,
my pain.

mas o quarto está vazio,
a cama está vazia,
não existe ouvido,
não existe música.

Sunday, April 27, 2014

O criador.

Não chove e não faz sol
E a noite é silenciosa,
Como se nada estivesse lá fora.

Como se as pessoas que dormem em seus quartos,
Respirando ruidosamente,
coçando suas peles com longas unhas que arranham,
Dando beijos ruidosos antes das tentativas de sufocar gemidos,
Não estivessem em canto algum.

Só na minha mente.

Seria possível que eu tivesse inventado tudo isso,
E que a realidade foi criada por mim?

Dificilmente.

Afinal, como alguém que não sabe criar um poema
Poderia criar um mundo inteiro?

Sunday, April 13, 2014

Manhã de um domingo 13 de abril.

Café fumegando e bolo
Na mesa,
Enquanto um livro em meu colo
Passa voando.

A chuva começa a cair lá fora,
Ainda suave, mas ruidosa,
Como um beijo no pé do ouvido.

As páginas passam
E eu me pergunto
Se poderia ser melhor.

Mas temo a resposta.

Tuesday, April 08, 2014

Do que me deves e do que não.

Dê-me teu corpo
E te farei sorrir,
Dê-me teu tempo
E te farei sorrir,
Dê-me tua alma
E te farei sorrir.

Mas não me dê amor,
Ou te farei chorar.

Não me dê amor,
Ou te farei infeliz.

Não me dê amor,
Ou te farei odiar.

Sunday, April 06, 2014

Poema da noite do dia seis de abril.

É noite como todas as outras noites foram
Antes de hoje e ontem
E como serão amanhã e depois de amanhã.

Mas é noite como nenhuma outra foi
Ou nenhuma outra será.

Faz calor como muitas outras vezes já fez
E como tantas outras fará.

Mas o calor de hoje é só agora que sinto.

Existem palavras que nunca foram pensadas
E demorarão até que sejam ditas
Me pergunto quando alguém as pensará
E quanto tempo há de levar até dizê-las.

Às vezes eu rio sozinho
Imaginando o que elas poderiam significar,
Mas é uma triste brincadeira,
Porque eu sempre estou perdendo.

Então eu apago as luzes,
Porque é noite,
Deito em frente ao ventilador,
Porque é quente,
E tento não sonhar,
Porque é em vão.

Saturday, April 05, 2014

Findo.

Se as nuvens alvas,
Bem altas, cortam o céu,
É o fim dos tempos.

Friday, April 04, 2014

Jesus de Praga.

Lembro dos domingos em que era acordado
Pela manhã com o sol e a chuva
E o caminho, debaixo da sombrinha dela
Era cheio de buracos e pedras e lama.

E até chegar lá havia briga e choro,
Havia silêncio e rancor
E dias em que brotava o riso.
Não me recordo de dias felizes.

A felicidade plena me parecia difícil
Quando eu não podia fazer
Aquilo que bem quisesse.

E com ela eu não podia ter vontades
Que não fossem condizentes com as dela.

No local, a igreja do bairro,
Na qual não entro há uma década,
Escolhia um lugar onde o ventilador soprasse o vento
Da manhã de domingo já perdida
Enquanto todos brincavam do levanta abaixa da cerimônia
E diziam graças a deus
Quando tudo acabava
E eu dizia também,
Porque era o fim.

Então, calados ou conversando,
Caminhávamos até o apartamento
E seguíamos a nossa vida:
Ela lá e eu cá,
Como foi, é, deve ser, e será.

Tuesday, April 01, 2014

Primeiro de abril.

Se lembra de quando te amei?
Eu também não.