desde que chegaste,
depois de verões e invernos sem proteção,
tudo o que eu conhecia
tomou nova proporção
e as dores que antes doíam
quase incapacitavam
hoje parecem arranhão.
o céu é d'um azul diferente
do de antes de você
e até os sabores mudaram
sem eu saber bem o porquê,
mas fato é que, um dia,
depois que você chegou,
olhei para trás e vi
como tanta coisa mudou
e agora eu já nem sei mais
quem era que vivia aqui
no meu corpo quando eu
não era o eu que sou agora.
quando era noite,
antes, o desespero me batia
de uma forma tão intensa
que tudo o que eu queria
era fechar os olhos
e fluir a poesia
hoje quando bate a noite,
quando as horas vão pesando
fico calado sozinho
e ouço os sons da madrugada.
quando você não havia,
talvez fosse só uma idéia,
fluía-me versos imensos
que nunca respeitavam métrica
era inquieto e angustiante
o simples fato de viver
antes de haver você.
mas desde que chegaste
pude finalmente ver
que tudo o que sabia da vida
era nada perto do viver.
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