ela disse adeus tão facilmente
como quem diz um oi distraído
e foi embora daqui segurando meus livros debaixo dos braços.
meus discos preferidos não tocam mais suas músicas
porque cada uma delas me faz lembrar do dia em que eu não tinha mais nada.
é que a chuva caía enquanto eu andava de volta para casa
porque todo meu dinheiro ficou com ela,
para as despesas e os detalhes.
a fome me vinha como ao mendigo que dormia na esquina do meu prédio
e que agora me fazia companhia nas noites frias passadas sentado num banco de bar.
a barba que eu nunca tive cresceu e encheu meu rosto
roto e sujo, velho e feio,
e todas as minhas roupas cheiravam a álcool, cigarro e urina.
o único odor que sinto desde que ela se foi.
o cheiro do meu abandono.
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