Monday, November 30, 2009

O Inferno de Corais.

entre os muros que oprimem e fecham
e sufocam, fazendo quase inexistir a vida,
tornando-a um inferno na terra,
há as poucas plantas que nos dão oxigênio,
que nos fazem respirar.

entre braços que te arranham e tentam te esmagar
há aqueles raros que estão prontos para um afago
sem nenhuma pedra em mãos,
sem nenhuma saliva preparada para atingir teu rosto.

entre todas as pessoas de um mundo que não presta
esses poucos seres fazem tudo ser suportável
e até nos fazem sentir bem.

há mais de cem de todos,
prontos para crescerem e se tornarem bons,
e há os poucos que já são.

Wednesday, November 25, 2009

Vinte e um.

eu tinha vinte e um,
como o jogo de cartas,
quando eu conheci o seu sorriso
e ela era linda e doce como mel feito de abelhas
e seus olhos brilhavam como o mar quando o sol bate
numa manhã de domingo ensolarado.

eu tinha vinte e um,
como a brincadeira com bola de basquete,
quando ela segurou minha mão
e me disse que não soltaria
enquanto eu não fossemos infelizes.

eu tinha vinte e um,
como o sinatra teve vinte e um,
e foi um ano bom para mim, como ele canta que foi para ele.

eu tinha vinte e um
porque foi o que veio depois dos vinte
e não havia muito o que se fazer quanto a isso,
apenas viver.

e eu vivi.

Tuesday, November 24, 2009

E ri da sua cara como se fosse louco.

"mulher,
eu acho que eu te amo."
ele disse do fundo do coração.
"menino" ela disse
sem dó ou piedade
"você não sabe o que é que fala."

Monday, November 23, 2009

Logo quando.

quando achei que não houvesse mais alguém que me faria achar bom
ser todas as coisas que eu sou
(ou talvez nem seja, quem sabe)
ela sorriu para mim e eu a vi.

quando achei que não houvesse alguém
que me fizesse sentir, de alguma forma, bem
em ser tudo o que sou
(ou quase tudo)
faço as coisas que a afastam de mim,
quando tudo o que quero é trazê-la cada vez mais perto
praqui, que é onde estou,
ou simplesmente ir para lá,
que é onde ela está.

todas essas coisas que são um pouco impossíveis às vezes
devido ao espaço que existe entre nossos corpos
e que eu gostaria que inexistisse,
especialmente entre nossas almas.

Ele e ela.

ele dizia a ela que a amava amava amava
mais do que o sol queimava,
mais do que a lua era fria,
ele dizia que a amava como se fosse uma poesia.

e ela dizia que não acreditava que houvesse nele
amor tão grande assim
dizia que não havia provas que tipo daquele
soubesse o que é amar, enfim.

Mata-me.

parece que eu só te dou motivos
para colocar tuas mãos no meu pescoço
e apertar bem forte
até sufocar.

parece que, cada vez mais,
eu sou um estúpido estúpido estúpido
que te machuca e remachuca
sem pensar.

parece que cada vez mais
eu sinto cada vez mais
medo de te perder.

parece que cada vez mais
eu gosto cada vez mais
de você.

Saturday, November 21, 2009

A construção.

tempo passou, meus amigos,
e carregou consigo tantas coisas que só ele é capaz.
o tempo passou entre nós, para nós,
enquanto todos nós construíamos algo.

hoje o que construímos está erguido,
está sob bases fortes e firmes,
é nisso que acredito,
e a distância não age em seus alicerces,
o próprio tempo não o faz.

usamos o tempo com calma
para aprender a construir algo
que ele próprio não pode levar facilmente.

o tempo passou, meus amigos,
e vai continuar a passar por séculos e séculos,
mas sem levar o que nós temos aqui.
porque é nosso e não dele.

Wednesday, November 18, 2009

Anatomia.

a tua boca
tinha o gosto dos sonhos
e teu calor
era o lençol sob o qual eu me aquecia.

eu lembro bem da tua anatomia,
teus seios e tuas nádegas,
teus músculos fracos
e teus tendões pouco flexíveis.

mas eu gostava mesmo
era da tua mão
se entrelaçando com a minha,
dizendo que era assim que deviam estar.

e é assim que elas ficarão
logo logo.

As estrelas.

o bordel da lua
tem estrelas
que só poderiam estar
brilhando nuas no firmamento.

Nada sobrou.

a tarde caiu
do viaduto
e o dia inteiro
morreu com ela.

Monday, November 16, 2009

Parabéns, c.

a dor é universal,
comum a todo ser humano,
a todo ser vivo.

a dor de um coração quebrado,
um cotovelo machucado,
um estômago queimado,
é o combustível de anos e anos.

fez ano essa celebração masoquista
esse antro de loucos,
comemora-se, então,
e espera-se que haja mais.

mas que o que vier, seja do que já foi
e que o que virá
só traga alívio.

Friday, November 13, 2009

Oy, got.

chega a noite
e eu entro nela
como ela entra em mim.

e eu sinto sempre
a solidão,
o aperto
e a vontade
de dizer qualquer coisa pra você,
qualquer palavra
que te faça sorrir
para, assim,
eu me sentir bem.

Thursday, November 12, 2009

"quero voar, quero viajar com tu"

eu não acredito que esse seja o seu melhor.
então, meu bem, me dê teu corpo e tua alma,
me dê teu amor e tua calma,
me dê a última gota da tua saliva.

e eu funcionarei melhor.

Sob a capa de chuva.

e eu venho
só pra falar com você,
mesmo sabendo que talvez
você nem queira falar comigo.

mas eu venho
porque é o que sinto que tenho que fazer
para me sentir melhor,
para dormir bem,
para que meus sonhos não sejam coisas
das quais eu tenha que me arrepender depois.

Susto na madrugada.

eu sinto o teu corpo
quente
ao lado do meu
todas as noites
quando eu quero.

eu fecho os olhos
e penso em como sou um cara de sorte
por simplesmente estar com alguém
como você.

eu me pego pensando
em todas essas coisas
quando você não está comigo,
meu bem,
e eu não sei bem o motivo de tudo isso.

e isso me assusta
pra caralho.

Tuesday, November 10, 2009

Novo começo.

lembro do teu olhar,
aquele que deste
quando percebeste
que estava demasiada perdida
dentro de si,
admirando a mim.

lembro do teu olhar
e o desespero que sentiste
ao perceber que
agora
a tua vida
estava ligada à minha.

e eu sorri
dizendo que estava tudo bem
e que isso não era a morte,
meu bem,
era apenas o novo começo
que você se prometeu
há muito tempo.

Sunday, November 08, 2009

Estrada.

o céu cinzento se junta ao asfalto
e é lá em cima que a estrada vai dar.

engraçado.
sempre pensei que fosse uma escadaria que me levaria até lá
e que a estrada
só me guiaria ao inferno.

acho que as coisas não são bem como nos dizem sempre.

Saturday, November 07, 2009

Os segredos.

você me pergunta
pelo céu, a terra e as estrelas
e seus segredos todos.

eu sorrio e digo que todas as noites
eles sussurram nos nossos ouvidos
tudo o que precisamos saber
e que cabe a nós percebermos isso.

num outro dia você me beija apaixonadamente do nada,
sorri e me agradece.
eu não sei o porquê de você ter feito isso,
então te pergunto e você me diz
que na noite passada,
pouco antes de dormir,
você escutou os segredos
do céu, da terra e das estrelas.

Friday, November 06, 2009

O passeio.

minhas mãos passeiam por teu corpo
e você me fala as línguas que poucos conhecem.

minha língua passeia pelo teu corpo
e você me guia com a mão.

nós passeamos um no outro
até que os caminhos se desgastem,
até que o tempo torne tudo familiar
e ainda além.

Do sonho que eu não tive e a vontade que saiu do Sonhar.

você me vem e diz
ao meu ouvido
coisas que eu pensei
que talvez nunca mais fosse ouvir.

então eu acordo
e penso que quero te dizer coisas
que pensei nunca mais ter vontade de dizer.

Wednesday, November 04, 2009

Acordar.

o perigo não está
no nosso último pensamento,
mas no primeiro.

"a semana se arrasta bem mais lenta que um jumento."

e há semanas e há semanas
e em todas elas há dias demais,
dias demais para qualquer um sentir,
dias demais para me sentir como sinto.

Tuesday, November 03, 2009

Mama

ela me disse
depois que passei séculos
na escuridão
"me dá a mão.
vamos sair pra ver o sol."

e eu senti o calor
do sol e do seu amor.

Dos três tempos e a grande lição.

é como se tudo quisesse mostrar pra mim
que nada é do jeito que se planeja.

é como se o mundo quisesse me dizer:
vai, filho, vai se sustentar no imaterial de novo.

o intangível não é confiável,
o amanhã é apenas um sonho bom
o passado nos traz pesadelos
e o presente é inexistente.

A nova música.

agoniza, meu amor, agoniza.
agoniza, meu amor,
sai da minha vida.

Agonia.

sento no escuro
com meu copo e minha garrafa
e espero...
espero até não agüentar mais.

é como se eu sentisse tudo o que já senti
e não tivesse mais nada pela frente
além da vida inteira que eu não quero viver.

Entende?

e eu, meu bem,
se nem meu violão pra saber de mim...

quem é que vai?

Monday, November 02, 2009

A Risada.

é, amigo,
às vezes a vida parece só rir.

cabe a nós descobrirmos
se é da gente
ou com a gente.

E o tolo sou eu.

são três da manhã
e não há comida para nós dois:
você dorme o sono dos tolos
e eu penso em toda a existência.

Sete palmos.

e quando eu te vi pela última vez,
meu bem, eu quase chorei.

nas minhas mãos o vermelho do teu sangue
e em minha boca o teu último suspiro.

As mentiras que nos contam.

eu viro na cama e sinto o teu cheiro
no meu velho travesseiro
e isso me lembra da velha história
que diz que sonhos não têm cheiro.

Versinhos sem porquê.

é noite e chove
onde sempre houve sol e conforto.
é frio e escuro
onde sempre houve luz e calor.

é o ranço da vida
e o amargo das horas
que chegam ao fim
arrastando os últimos segundos.